A bioeconomia compreende o conjunto de atividades produtivas baseadas na utilização sustentável dos recursos da sociobiodiversidade, integrando conhecimento científico, inovação tecnológica e saberes tradicionais. No contexto amazônico, esse modelo econômico ganha relevância ao considerar a riqueza dos ecossistemas regionais e os múltiplos agentes envolvidos — comunidades tradicionais, instituições públicas, universidades, instituições financeiras e de fomento, setor privado e organizações da sociedade civil.
No Amazonas, a bioeconomia tem sido entendida como uma oportunidade estratégica para promover o desenvolvimento sustentável, principalmente por meio do fortalecimento de cadeias produtivas vinculadas ao uso e manejo responsável da sociobiodiversidade nativa. O objetivo principal é aliar geração de renda para povos indígenas, ribeirinhos e extrativistas, à conservação ambiental e ao uso eficiente dos recursos naturais, com apoio de tecnologias apropriadas à realidade local.
Entre os anos de 2010 e 2020, essa economia da sociobiodiversidade no estado movimentou cerca de R$3,1bilhões e gerou mais de 59 mil empregos diretos e indiretos, apresentando uma taxa média de crescimento de 10% ao ano. Essa performance indica o grande potencial do setor para contribuir com a superação de desafios estruturais relacionados à segurança alimentar, transição energética, saúde pública e estabilidade econômica.
Globalmente, a bioeconomia movimenta cifras expressivas. Na União Europeia, por exemplo, o setor movimenta 2,3 trilhões de euros e emprega aproximadamente 18 milhões de pessoas. No Brasil, o cenário é igualmente promissor: o país abriga a maior diversidade vegetal do mundo, com mais de 42 mil espécies catalogadas, muitas delas com aplicações potenciais em setores como alimentos, cosméticos, farmacêutico, energia e biotecnologia.
No bioma amazônico, estima-se a existência de cerca de 20 mil espécies de plantas superiores, mas apenas uma pequena fração delas (0,05%) conta com iniciativas coordenadas de conservação e uso sustentável. No Amazonas, cadeias produtivas como a do açaí, castanha-do-Brasil, cacau, pirarucu de manejo, seringueira nativa, óleos vegetais e fibras já estão consolidadas e desempenham papel relevante na economia local, com destaque para a fruticultura, que registrou a produção de 110 mil toneladas de açaí em 2024.
A bioeconomia no estado pode ser organizada em três segmentos principais: Bioeconomia da Sociobiodiversidade, Bioeconomia de Base Florestal, Bioeconomia de Commodities
Avanços e Iniciativas Estruturantes
O Amazonas avança na construção de uma nova matriz econômica baseada na valorização da sociobiodiversidade e no fortalecimento das populações tradicionais. A Lei n.º 4.419, de 29 de dezembro de 2016, passou a denominar-se Matriz Econômica-Ambiental e de Bioeconomia com a promulgação da Lei n.º 7.302, de 7 de janeiro de 2025, publicada no Diário Oficial do Estado. Com isso, o Governo trabalha na sistematização e implementação do Plano Estadual de Bioeconomia, que fortalece cadeias de valor, estimula bionegócios e promove a inclusão de comunidades que vivem dessa atividade, criando condições para o desenvolvimento sustentável.
Para consolidar a bioeconomia como vetor de desenvolvimento, o Plano se estrutura em eixos estratégicos que envolvem:
Atualmente, o Plano está na fase de diálogos municipais, na qual o Governo visita todos os 62 municípios para ouvir demandas e identificar a realidade local da bioeconomia. Pela primeira vez, será elaborado um diagnóstico abrangente que permitirá construir um plano equitativo, alinhado às necessidades regionais e comprometido com a conservação ambiental.
Os próximos passos incluem a sistematização e análise das contribuições coletadas e a apresentação do Plano na COP30, em Belém, com o objetivo de atrair investimentos para fortalecer o ecossistema de bioeconomia do Amazonas.